Rio 43,2ºC: uma ode a chutar o balde
Nenhum termômetro do Inmet ou Climatempo é tão eficaz com as mudanças climáticas quanto as redes sociais. Chove? Nem precisa mais ir até a janela, basta abrir o Twitter ou Face e ler as mais diversas variações de "vou voltar de barco pra casa" ou "cai o mundo em São Gonçalo". Sempre em tons de reclamação, claro. E não importa se chove o Rio Nilo nas nossas cabeças ou se o tempo está mais firme que tampa de Coca-Cola fechada com chave de fenda: o legal é reclamar.
Com o calor não seria diferente. Cariocas esperam ansiosamente pelo verão e, quando ele chega, reclamam do calor excessivo. Todo ano é assim. Todo mundo sabe que o verão no Rio é quase desumano, mas todo mundo o quer e, quando ele chega, todo mundo reclama.
Realmente não sei se acima de 38ºC faz alguma diferença alguns graus a mais. A partir daí, pra mim é sempre calor pra caralho. Mas psicologicamente faz. Passou de 40ºC? Fudeu. E quando chega a 43,2ºC, a maior temperatura já registrada na cidade? Ok, já fez 43,1ºC antes, mas esse 0,1ºC é de suma importância nas reclamações nas mesas de bares. 40ºC vá lá, 41,2ºC, ainda dá pra se refrescar.
Mas 43,2ºC não dá, não há quem suporte. Mas em vez de reclamar do calor, resolvi usá-lo a meu favor. Sabe a história do "se a vida te dá limões, faça uma limonada" ? Então...agora uso o calor para fazer algumas coisinhas que meu bom senso diz que não são legais, mas posso dizer que o calor alterou o funcionamento dos meus neurônios.
Vejo 'Malhação' e me envolvo, choro com o casal da novela das seis, passo mais tempo em bares que em casa, durmo menos do que devia, ligo pra quem não devia, esqueço de ligar pra quem devia, falto a academia, abuso do cheque especial e por aí vai. Tudo culpa do calor. Mexeu com meus neurônios e hormônios. Afinal, são 43,2ºC, com sensação térmica de 50ºC. Quem não entenderia? Ou quem vai lembrar de tudo isso e me julgar? Afinal, tá calor pra burro...